O que esperar do design automotivo no Brasil

O que esperar do design automotivo no Brasil

Qual a importância do design automotivo hoje?

O design automotivo no Brasil em 2025 vai além da estética: integra aerodinâmica, eficiência energética, segurança ativa e experiência digital. Assim, ele influencia a percepção de valor, o custo total de uso e a diferenciação entre marcas. Este guia explica, com linguagem prática, como essas forças moldam o presente e o futuro.

O que muda no design automotivo brasileiro em 2025?

Em 2025, o design automotivo no Brasil combina estética limpa, eficiência aerodinâmica, interfaces digitais e segurança assistida. SUVs seguem liderando, enquanto rodas fechadas, “red-lines” e menos ornamentos otimizam produção e consumo. Por fim, interiores ficam mais tecnológicos e padronizados, com comandos eletrônicos substituindo alavancas mecânicas.

O visual deixou de ser apenas “beleza”. Agora, volumes, vincos e luzes cumprem papéis técnicos: reduzem arrasto, integram sensores e aliviam custos industriais. Ao mesmo tempo, a cabine prioriza usabilidade, conectividade e ergonomia digital. Isso reconfigura expectativas do consumidor — que passa a exigir valor agregado real, sobretudo em segurança e praticidade.

Por que o design virou um motor de valorização percebida?

Porque a forma comunica tecnologia, status e segurança. Um facelift bem executado pode elevar a valorização percebida sem alterar arquitetura. Assinaturas de luz, grades e proporções transmitem personalidade de marca e criam desejo, permitindo melhor posicionamento de preço com mudanças industriais mínimas.

  • Assinatura luminosa: faróis e lanternas com DRL e barras contínuas (red-lines) geram identidade de longe.

  • Proporções e superfícies: capôs mais altos e ombros marcados passam robustez — atributo que o público brasileiro associa a segurança.

  • Materiais e acabamentos: texturas, pintura e cromados (ou black piano) bem dosados elevam “perceived quality”.
    Resultado: mais intenção de compra com CAPEX industrial contido.

Como sustentabilidade e eficiência moldam as linhas externas?

Linhas horizontais e superfícies limpas reduzem peças, facilitam pintura e melhoram aerodinâmica. Rodas de face fechada e integração de luzes reduzem turbulência e custo, ampliando autonomia em elétricos e eficiência em flex e híbridos. Assim, forma, função e produção caminham juntas.

  • Superfícies “clean”: menos recortes = menos pontos de turbulência, menos peças plásticas e menor complexidade de montagem.

  • Rodas fechadas: ajudam no fluxo do ar; em EVs, cada melhoria de Cd impacta autonomia.

  • Luzes contínuas: barras dianteiras/traseiras somam design, sinalização e simplificação de componentes.

  • Materiais: aumento do uso de reciclados e tintas com menor VOC complementa a agenda ESG.

Segurança x preço: como equilibrar no projeto?

Modelos de entrada não podem tratar segurança como opcional. Estruturas com boa absorção de impacto, airbags e estabilidade eletrônica devem ser padrão. O desafio é integrar isso sem inviabilizar o preço final, equilibrando engenharia, fornecedores e escala produtiva.

  • Arquitetura estrutural: zonas de deformação e aços de alta resistência exigem engenharia cuidadosa.

  • Sistemas ativos: ESC, assistentes de frenagem e monitoramento de atenção reduzem acidentes.

  • Cadeia de custos: padronização de plataformas, compras em volume e eletrônica modular ajudam a fechar a conta.
    O consumidor já percebe segurança como requisito mínimo, não luxo.

Interiores digitais: padronização vai tirar a graça?

Não. A padronização de hardware (telas, comandos por botão/roleta) convive com personalizações de software, ambientação e materiais. Controles eletrônicos substituem alavancas; multimídia e ar-condicionado migram para interfaces unificadas. A diferença aparece em qualidade tátil, fluidez do sistema e integração com ADAS.

  • Comandos eletrônicos de transmissão: roletas ou botões (ex.: soluções vistas em Jaguar/Land Rover; Nissan Kicks com botões; GWM/JAC com variações) liberam espaço, melhoram ergonomia e compõem visual futurista.

  • UX e UI: sistemas responsivos, perfis de usuário, integração com apps e assistentes elevam a experiência.

  • Materiais: tecidos técnicos, painéis soft-touch e iluminação indireta distinguem versões básicas das topo.

ADAS e condução assistida: o que já chega ao Brasil?

Funções como alerta de fadiga, frenagem autônoma emergencial, manutenção de faixa e vigilância 360° ganharão escala. Em alguns cenários, o veículo assume controles parciais para evitar colisões. Além disso, chamadas automáticas de socorro e atualizações OTA tornam o carro mais seguro ao longo do tempo.

  • Sensores e fusão de dados: câmeras, radar e ultrassom criam um “escudo digital”.

  • Algoritmos de risco: analisam atenção do motorista, comportamento do tráfego e condições de pista.

  • Evolução contínua: software atualizável estende o ciclo de vida e melhora recursos de segurança.

Quais barreiras o Brasil precisa vencer para acelerar?

Regulação e fiscalização consistentes, custos de produção equilibrados e capacitação em eletrônica/softwares automotivos são cruciais. Da mesma forma, a logística de peças e a infraestrutura para veículos eletrificados devem evoluir para sustentar design, conectividade e ADAS com qualidade e escala.

  • Normas de segurança: elevar o “piso” mínimo e fiscalizar de forma uniforme.

  • Custo industrial: plataformas globais, nacionalização inteligente e CAD/CAM integrados mitigam custos.

  • Cadeia de suprimentos: desde pintura até módulos eletrônicos e testes de validação.

  • Consumidor: educar o mercado sobre valor de uso, não apenas preço de etiqueta.

Prognóstico: como será o design automotivo no Brasil?

SUVs e crossovers permanecem dominantes, com linhas limpas e presença visual forte. Interfaces digitais centralizam funções, e sensores/ADAS compõem o desenho. Sustentabilidade aparece no produto e no processo — de materiais reciclados a aerodinâmica mais eficiente.

  • Menos ornamentos, mais proporção: “menos linhas, mais impacto”.

  • Integração total: luzes, sensores, câmeras e radomes invisíveis.

  • Cabines reconfiguráveis: telas, som direcional, iluminação e IA de voz.

  • ESG de ponta a ponta: design serve à eficiência e ao ciclo de vida.

Entrevista com Telles Martins — parte 1

(Palestrante, especialista em Mobilidade Urbana e Veículos Elétricos)

Pergunta 1 — O design realmente altera a percepção de valor?
“Sem dúvida. Um facelift bem planejado, com assinatura de luz marcante e superfícies limpas, pode elevar a percepção de valor em patamares surpreendentes, mesmo sem trocar a base técnica do carro.”

Segundo Telles, luzes contínuas e grades bem resolvidas criam identidade imediata. “Isso transmite modernidade e, principalmente, confiança. O consumidor sente que o carro ‘entrega mais’.”

Pergunta 2 — Até onde vai a padronização dos interiores?
“A padronização de telas e comandos é uma realidade de eficiência. O diferencial aparecerá na fluidez do software, na qualidade do toque e na integração com ADAS.”

Para ele, duas experiências podem usar a mesma tela, mas soar completamente diferentes: “A boa UX é tão importante quanto um ótimo motor”.

Quais são os benefícios práticos para o motorista?

Mais segurança, menor consumo, melhor visibilidade e uma experiência de uso coerente. No dia a dia, isso significa menos fadiga, menos sustos no trânsito e maior comodidade, com recursos que antes eram de carros premium chegando aos segmentos de entrada.

  • Segurança: ADAS, estrutura otimizada e iluminação eficiente.

  • Eficiência: aerodinâmica e rodas fechadas reduzem consumo.

  • Conforto e ergonomia: comandos eletrônicos, telas intuitivas e assistentes de voz.

  • Valor de revenda: design atual e assinaturas de luz tendem a envelhecer melhor.

Quais são os riscos e trade-offs de um design mais “limpo”?

O risco é perder personalidade ou sacrificar usabilidade. Se telas substituem botões sem ergonomia, tarefas simples ficam complexas. O segredo é equilibrar minimalismo visual com acessibilidade e redundância de comandos críticos.

  • Demasiada dependência do touch: pode distrair.

  • Clima e reflexos: exigem calibração de brilho e materiais.

  • Manutenção: componentes integrados pedem boa rede técnica.

  • Identidade: linhas limpas precisam de proporções bem trabalhadas para evitar “carros genéricos”.

Como o consumidor pode avaliar um bom design?

Observe proporções (rodas x carroceria), visibilidade, qualidade dos encaixes e lógica da interface. Teste a usabilidade de funções básicas em movimento (com segurança) e verifique o combo segurança + eficiência. Se tudo parecer natural, o design está a seu favor.

Checklist rápido (passo a passo):

  1. Entre e ajuste: assento, volante, espelhos, cintos.

  2. Acesse funções vitais: ar, desembaçador, faróis, multimídia.

  3. Teste visibilidade: colunas A/C, retrovisores e câmera.

  4. Avalie rodagem: ruídos, ergonomia e leitura de telas.

  5. Cheque segurança: ADAS disponíveis e suas calibrações.

Tabela comparativa — como o design diferencia segmentos?

Observação: tendências variam por marca e projeto, mas o padrão acima indica a direção de mercado.

Entrevista com Telles Martins — parte 2

Pergunta 3 — Segurança nos modelos de entrada: onde insistir?
“Estrutura, ESC e airbags são inegociáveis. Segurança mínima elevada evita externalidades sociais e melhora a confiança no mercado.”

Telles lembra que educação do consumidor e fiscalização consistente são fundamentais para que o “piso” de segurança suba sem distorções competitivas.

Pergunta 4 — O que esperar dos SUVs e crossovers?
“Continuarão dominando. O público brasileiro valoriza posição de dirigir alta, presença visual e versatilidade.”

Segundo ele, o desafio é manter eficiência e estabilidade sem perder robustez percebida. A aerodinâmica e o acerto de suspensão serão decisivos.

Quanto custa incorporar boas soluções de design?

Custa planejamento. Soluções como luzes integradas e peças comuns entre versões reduzem complexidade e melhoram escala. O custo inicial existe, mas tende a cair com plataformas modulares, fornecedores locais e software atualizável que estende o ciclo de vida do produto.

Fatores de custo:

  • Ferramental e estampagem de novas superfícies;

  • Integração de módulos de luz/sensores;

  • Homologação de ADAS e calibração;

  • Softwares embarcados e cibersegurança;

  • Materiais e acabamentos diferenciados.

E as interfaces: tudo touchscreen a partir de agora?

Não necessariamente. A direção é digital, mas a melhor prática combina telas para controle e botões/atalhos físicos para funções críticas. A redundância melhora segurança e reduz distração. Voz e IA embarcadas ganham espaço para operar funções sem tirar as mãos do volante.

Boas práticas de UX automotiva:

  • Atalhos físicos para limpador, pisca-alerta, desembaciamento;

  • Menus rasos para clima e áudio;

  • Perfis de usuário que guardam preferências;

  • Comandos por voz úteis e rápidos;

  • Feedback tátil/sonoro em toques críticos.

Entrevista com Telles Martins — parte 3

Pergunta 5 — Qual o papel da sustentabilidade no desenho?
“É central. Aerodinâmica, integração de luzes e rodas fechadas rendem ganhos reais de eficiência. Materiais reciclados e processos limpos completam a conta.”

Pergunta 6 — Uma dica prática para o comprador?
“Teste usabilidade real: regular ar, trocar estação, usar câmera 360°. Se tudo for intuitivo sem olhar muitas vezes, esse projeto foi bem pensado.”

Mitos e fatos sobre design automotivo (2025)

Mito 1: “Mais linhas = mais esportividade.”
Fato: Superfície limpa pode parecer mais robusta e moderna, além de reduzir arrasto.

Mito 2: “Tela grande resolve tudo.”
Fato: Sem UX bem desenhada, tela grande só multiplica toques e distração.

Mito 3: “Roda fechada é só estética.”
Fato: Em muitos casos, ajuda a aerodinâmica e a autonomia/consumo.

Mito 4: “ADAS é luxo.”
Fato: Tendência é virar padrão — como ABS e ESC se tornaram.

Perguntas frequentes (FAQ)

1) Design influencia consumo de combustível e autonomia?
Sim. Superfícies limpas, detalhes aerodinâmicos e rodas fechadas reduzem arrasto, ajudando no consumo e na autonomia de elétricos.

2) O que observar na assinatura de luz?
Visibilidade, integração e percepção de qualidade. Barras contínuas e DRL bem calibrados ajudam a ver e ser visto.

3) Por que SUVs seguem em alta?
Postura de condução alta, versatilidade e sensação de segurança sustentam a preferência; o desafio é manter eficiência.

4) Touch substitui todos os botões?
Não deve. Funções críticas merecem redundância física para evitar distração e manter segurança.

5) Vale pagar a mais por ADAS?
Para a maioria, sim. Assistentes reduzem risco e podem evitar acidentes com alto custo humano e financeiro.

6) Como avaliar a qualidade de acabamento?
Observe folgas, texturas, ruídos e sensação tátil. Iluminação ambiente bem resolvida e materiais coerentes elevam a percepção.

7) Facelift muda só a frente?
Geralmente foca em para-choques, grade e luzes, mas pode incluir novas rodas e ajustes de cabine, renovando o produto sem trocar plataforma.

8) Design “limpo” torna carros iguais?
Não, se proporções e detalhes forem bem trabalhados. Identidade de marca vem de volumes, luzes e interfaces.

9) Rodas grandes sempre são melhores?
Não. Rodas maiores podem prejudicar conforto e consumo; equilíbrio com aerodinâmica é essencial.

10) Como o software afeta o design?
Define a experiência do usuário e permite atualizações que prolongam a vida útil e as capacidades do veículo.

 

Quem é Telles Martins

Telles Martins é palestrante e consultor em Mobilidade Urbana e Veículos Elétricos, com foco em estratégia, educação do consumidor e futuro do transporte. Em eventos e empresas, traduz tendências técnicas em linguagem clara, trazendo dados, comparativos e boas práticas para decisões reais. Conheça mais em /sobre-telles e veja as palestras em /palestras.